“Justiça para todos” é uma produção norte-americana datada de 1979 e dirigida por Normam Jewison. O drama conta com reviravoltas e retrata as mazelas do judiciário, que ainda hoje são atuais.
O título no original “… And Justice For All” remonta o fim do texto oficial do juramento à bandeira dos Estados Unidos, recitado nas cenas iniciais que fazem diversos takes do fórum onde são encenados os julgamentos do filme, dando os contornos iniciais do que será construído como um paradoxo – como a igualdade perante as Leis podem caber nos Tribunais?
A partir de Arthur Kirkland, um advogado de Defesa interpretado por Al Pacino, uma série de conflitos principiológicos do ponto de vista da Justiça e do papel dos profissionais do campo jurídico se entrelaçam com a linha narrativa principal, na qual Arthur precisará defender um Juiz que desde o início aparece como seu algoz.
Remontando situações kafkanianamente angustiantes, com o exagero próprio do gênero sátira, o clímax do filme é construído pelas interações da personagem de Al Pacino com uma namorada, alguns amigos, clientes, Juízes, Promotores, Guardas de Prisão e demais figuras que transitam em uma trama do Sistema de Justiça Criminal, e o passar do filme e suas reviravoltas vão, calmamente, elevando a pressão percebida por aquele na medida em que os conflitos vão se acirrando.
Em meio a tantos encontros e desencontros no Sistema de Justiça, o Julgamento principal do filme é justamente aquele que desde o início do mesmo se iniciara, representando não uma avaliação de um injusto penal, mas o do próprio Sistema de Justiça.
Apesar do filme remontar um sistema de Justiça próprio da common law e se passar nos Estados Unidos, a película nos ajuda em forma e conteúdo a observar com cuidado uma série de problemáticas próprias da (in)justiça a qual pessoas se submetem diariamente nos Tribunais para, paradoxalmente, obter seus Direitos respeitados.
Mais – Kirkland e os demais personagens da trama, no decorrer do filme, ficam cada vez mais “adoecidos” de diferentes formas, na medida em que buscam seus objetivos dentro das formas oferecidas pelo Sistema de Justiça, seja no Tribunal, Prisão, na Bar Association (como se fosse a OAB para nós, aqui do Brasil), assim como nos próprios julgamentos, onde se destaca a interação com o Promotor de Justiça interpretado por Craig T. Nelson.
Por fim, “…And Justice For All” nos convida a refletir sobre a distância entre o Sentimento ou o Valor de Justiça e as Instituições que atuam em seu nome, trazendo novas possibilidades de se pensar criticamente o Sistema de Justiça. Atualmente nos streamings, ele está disponível para aluguel no Amazon Prime.
Por: Fernando Henrique Cardoso Neves
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